6 de julho de 2010

Paulo: legalista ou desprezador da Lei?

6 comentários

Olá leitores e amigos,


Estamos de volta !!!


Ao efetuarmos uma leitura de Romanos e Gálatas, no primeiro momento temos a impressão que Paulo é contraditório ao falar da Lei de Deus nessas duas cartas. Observamos que Paulo, ora escreve quanto àqueles que praticam a Lei, esses serão justificados (Rom. 2:13) e ora afirma que homem algum poderá ser justificado pelas obras da Lei (Rom 3:20), apenas levado à morte, afinal a Lei não pode dar vida (Gál. 3:21).

Afinal o que Paulo, realmente, quis expressar com essas afirmações? Seria Paulo um legalista ou desprezador da Lei ?

Antes de mais nada: Quem era Saulo/Paulo ?

Destaca-se dos outros apóstolos pela sua cultura. A língua materna de Paulo era o grego e é provável que também dominasse o aramaico. Como ele próprio diz, fariseu circuncidado ao oitavo dia e mantém-se sempre na lei mosaica.

Podemos destacar que Paulo conhecia muito bem a Lei de Moisés. O próprio Lucas em Atos 22:3 declara que Paulo estudou aos pés de Gamaliel e por essa razão se tornou um bom conhecedor da Lei (o mais zeloso)

Foi a mais destacada figura cristã a favorecer a abolição da necessidade da circuncisão (esse assunto é bem abordado em Gálatas) e dos estritos hábitos alimentares tradicionais judaicos e guarda do sábado (assunto abordado em Romanos). Alguns afirmam que ele foi quem verdadeiramente transformou o cristianismo numa nova religião, e não mais uma seita do Judaísmo.

A grande questão que Paulo nos ensina em Romanos e Gálatas, trata-se de dois pontos: Legalismo e Fé. Se observarmos Romanos 9:31, Paulo afirma que Israel buscava a lei de justiça, mas não chegou a atingir essa meta. Tal fato porque Israel tentou fazer da Lei um meio para obter a justiça através de seus próprios feitos (obras), ao invés de depositar sua Fé em Deus. (Rm 9:32). A Lei foi dada a Israel como meio de uni-lo a Deus. A Lei tinha objetivo estabelecer um relacionamento do individuo e Israel para com Deus. Tal obediência era uma expressão de fé, e somente aqueles que ofereciam tal fé eram realmente seu povo.

Quanto a questão das obras, a Bíblia é bem clara em afirmar que homem algum pode salvar a si mesmo. A salvação é gratuita, é por graça e vem de Deus por intermédio de nossa Fé em seu Filho Jesus e é revelado em seu próprio evangelho (Is. 64:6; Ef. 2:8-10; Rm.1:16-17; Gl 2:16). A Lei não fez mais do que manifestar o pecado ao indicar um caminho, neste sentido a Lei é boa, pura e santa, porém fraca ao mesmo tempo, pois não nos fornece forças para segui-lo. Só a Boa-Nova de Cristo, que é poder de Deus para todo o que crê, justifica indicando o caminho e dá a força sobrenatural para o seguir. A Fé em Cristo não é contra a Lei, mas é mesmo o único meio que nos torna capazes de a cumprirmos.

O parágrafo acima é uma síntese do que Paulo escreve aos Romanos e aos Gálatas.

Em Romanos 7:12-13 Paulo declara que a Lei é santa, justa e boa. De fato a Lei reflete o caráter (santa), é a norma objetiva para reação pactual da humanidade para com Deus (justa) e benéfica para cada um de nós, pessoalmente, visto que fomos criados à imagem de Deus (boa). Por essa razão a Lei não se poderia se tornar em morte, ser algo horrível, muito pelo contrário, a própria Lei é quem revela e provoca o pecado no homem. Sendo esse pecado causa da morte espiritual, impelindo a quebrar a boa Lei de Deus.

Mesmo a Lei sendo santa, justa e boa, também é falha. Isso porque fora feita para homens santos, mostra ainda que o homem não é santo e tão pouco pode solucionar essa questão, ou seja, não pode salvar o pecador.

Somente aqueles que são nascidos da lei do Espírito de vida, em Jesus Cristo, são libertos do pecado e da morte. (Rm 8.2). Por essa razão Paulo nos escreve em Gal 5.16 “Andai no Espírito”.

Em Cristo Jesus, estamos debaixo da graça e não mais debaixo da Lei (Rm 6:1-14), quanto aqueles que permanecem nas obras da lei, ou seja, tentando se justificar, estão debaixo de maldição (Gl 3.10).

Concluindo, está claro que a vida de Paulo enquanto judeu era uma vida de obediência legalista à Lei. Ele excedia seu zelo, não apenas em Lei escrita, mas também nas tradições orais (Gl 1.14). Pelo fato de ser tão zeloso tinha aprendido com os judeus acerca da religiosidade para com a Lei. Aprendeu a guardar a Lei como meio de obter justiça através de suas obras e não como meio de relacionamento para com Deus. Após sua conversão ao cristianismo, através de sua própria experiência de justificação pela fé em Cristo Jesus, obteve discernimento ao qual sozinho não poderia enxergar como judeu legalista e ainda obteve uma reinterpretação fundamental do papel da Lei na história da redenção.

Paulo em momento algum despreza a Lei de Deus, muito pelo contrário, faz elogios à Lei, chega a desejá-la e afirma “Anulamos, pois a lei pela fé? Não, de maneira nenhuma! Antes, confirmamos a lei”. (Rm 3:31). Paulo entende que o homem por si só não consegue cumprir a Lei, pois ela é espiritual e justa. Somente através do ministério do Espírito temos a capacitação de segui - lá, somente através da Fé em Cristo Jesus obtemos relacionamento para com o Pai.

estudo desenvolvido por Pr Elder Cunha

Bibliografia

- LADD, George Eldon. Teologia do Novo Testamento, 1ª edição, Editora Hagnos

- CALVINO, João. Série comentários bíblicos Gálatas, 1ª edição,

Editora Fiel, 2007

- CALVINO, João. Romanos, 2ª edição, Editora Edições Parakletos, 2001




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